A Aloe vera, também conhecida como Babosa, é o nome popular de uma planta africana do gênero Aloe, à qual pertencem mais de 300 espécies. Algumas delas são utilizadas na produção de medicamentos e cosméticos. O interior das folhas desta planta é rico em polissacarídeos e possui uma mucilagem de consistência viscosa como uma baba, de onde surgiu o nome Babosa.
O princípio ativo encontrado nesta planta situa se na mucilagem que é constituído de tecido orgânico, aminoácidos, enzimas, vitaminas e sais minerais. Muitos estudos indicam que Aloe vera possui propriedades terapêuticas em mamíferos, no entanto pouco se sabe sobre o uso da babosa na piscicultura, embora o uso do extrato da babosa para reparar danos em tecidos de peixe tenha sido patenteado em 1985 (PATENT STORM, 1985).
O transporte dos peixes
O transporte é um processo em que pode ser traumático podendo expor o peixe a uma série de estímulos adversos, responsáveis por várias respostas fisiológicas (URBINATI et al., 2004). Os estímulos causadores de estresse relacionados ao transporte, incluem a captura em tanques, exposição aérea, biometria, manejo para embalar os animais, concentração alterada de amônia na água, alta densidade de estocagem, contato entre os peixes e com a estrutura de transporte, movimento irregular e soltura pós transporte (SPECKER e SCHRECK,1980; BARTON e PETER, 1982; JOHNSON e METCALF, 1982; CARMICHAEL et al., 1983; ROBERTSON et al 1987; McDONALD et al 1993; STAURNES et al.,1994; IVERSEN et al., 1998; URBINATI et al., 2004), e com isso, torna se necessário algumas medidas mitigadoras.
Para a redução do consumo de oxigênio, diminuição na produção de amônia e de gás carbônico em embalagens, foi observado que uma das melhores formas é manter os peixes em jejum. (TUCKER, 1985; GROTTUM et al. 1997). Embora muito discutido, várias substancias tem sido aplicadas para amenizar o estresse no transporte de peixes. Dentre eles é comum o uso de sal, soluções de tamponamento, e alguns anestésicos. Muitas substâncias estão sendo testadas. A aplicação de imunoestimulantes vem surgindo como uma possibilidade para reduzir o estresse e melhorar a atividade fisiológica do peixe nestas condições.
Uso do Aloe vera aplicado no transporte de peixes
O uso da Aloe vera pode ser uma alternativa por possuir importantes propriedades terapêuticas, dentre elas, as imunoestimulante (IM et al., 2005; SJERABA e QUERE, 2000). Estudos realizados em laboratórios comprovaram que tanto peixes adultos após a reprodução, e juvenis submetidos ao transporte, quando mantidos em água com Aloe vera tiveram significativo aumento na atividade respiratória dos leucócitos comparados à peixes em que não foram colocados em água com Aloe vera, sinalizando que o tratamento é ou pode ser eficiente.
O uso da Aloe vera deve ser explorado pois trata se de um produto natural, barato e que não agride o ambiente. Alguns fabricantes no mercado de lagos ornamentais possuem produtos com Aloe vera e que podem ser utilizados no transporte dos peixes.
Referencias bibliográfica
BARTON, B.A.; PETER, R.E. 1982. Plasma cortisol stress response in fingerling rainbow trout, Salmo gairdneri Richardson, to various transport conditions, anaesthesia, and cold shock. Journal of Fish Biology, v.20, p.39–51, 1982.
CARMICHAEL, G.J.; WEDMEYER, G.A.; MCCRAEN, J.D.; MILLARD, J.L. Physiological effects of handling and hauling stress on smallmouth bass. The Progressive Fish-Culturist, v.45, p. 110–113, 1983.
GROTTUM, J.A.; STAURNES M.; SIGHOLT, T. Effect of oxygenation, aeration and pH control on water quality and survival of turbot, Scophthalmus maximus (L.), kept at high densities during transport. Aquaculture Research, v.28, p.159-164, 1997
William Hagiwara é Biólogo especialista em lagos ornamentais.