Doenças dos peixes

A doença da primavera nas carpas ornamentais

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Há uma época no ano em que grande quantidade de casos de nishikigois doentes surgem. Muitas vezes ouvimos dizer que o peixe tem a famosa doença da primavera! Mas afinal, o que é isso? Esta doença teve seus primeiros indícios na Europa medieval e atormenta nossos amados peixes até os dias de hoje, na passagem dos meses mais frios do ano. Muitas vezes encontramos os peixes debilitados e não sabemos o que causou a doença e nem como proceder nestes casos. O objetivo deste artigo é tratar deste assunto tão famigerado e ao mesmo tempo obscuro para quem possui um lago ornamental.

O que é a doença da primavera?

Com altíssima mortalidade, até 90%, a Viremia Primaveril da Carpa (VPC) é uma doença ocasionada por vírus , e ataca principalmente espécies da família Ciprinidae (Ahne et al. 2002). Os dois maiores produtos da piscicultura nacional de peixes ornamentais são animais que pertencem a este grupo, a carpa (Cyprinus carpio) e o kinguio (Carassius auratus), e podem ser infectados pelo vírus. Esta doença é altamente influenciada pela temperatura e não havia sido reportada em climas tropicais até a década de 90, no Brasil (Alexandrino et al. 1998).

A VPC geralmente é contraída pela entrada do vírus pelas brânquias ou parasitas e pode infectar animais em todas as idades, no entanto ataca principalmente peixes jovens. O vírus é contraído diretamente na água e pode ter como vetores artrópodes (parasitas) e aves que se alimentam de peixes (Ahne et al. 2002). Não apresenta riscos a humanos.

Doença da primavera nas carpas e kinguios

Diagnóstico

Mortes podem ser esperadas em águas com temperatura abaixo de 20°C. Os sinais clínicos mais evidentes são distensão abdominal, respiração lenta, brânquias pálidas e movimentos anormais de natação. Os peixes apresentam hemorragia interna e na pele (Ahne et al. 2002; Nunes 2007). Devido à possível contaminação secundária por bactérias, a VPC é facilmente confundida com outros tipos de doenças, menos mortais e facilmente tratáveis.

Profilaxia e tratamento

Temperaturas acima de 20°C asseguram uma atividade metabólica dos animais que permite a produção de níveis adequados de anticorpos, impedindo o estabelecimento do vírus que causa a doença da primavera. Uma quarentena, a fim de evitar a introdução do R. carpio no lago, deve ser usada sempre que um novo animal for adquirido. Manter a boa qualidade da água, utilizando filtragem, práticas de alimentação e manejo corretos, é primordial para não debilitar a imunidade dos peixes, evitando a doença. Não há tratamento efetivo até o momento (Ahne et al. 2002; Nunes 2007).

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Referências bibliográficas

Ahne, W.; Bjorklund, H. V.; Essbaur, S.; Fijan, N.; Kurath, G.; Winton, J. R. 2002. Spring viremia of carp (SVC). Diseases of Aquatic Organisms 52: 261-272.
Alexandrino, A. C.; Ranzani-Paiva, M. J. T.; Romano, L. A. 1998. Identificación de Viremia Primaveral de la Carpa (VPC) Carassius auratus em San Pablo, Brasil.Revista Ceres 45(258): 125-137.
Nunes, B. G. 2007. Enfermidades dos peixes. Monografia pós-graduação Lato Sensu Universidade Castelo Branco.

3 comentários

  1. Tenho um lago onde a água vem de mina. .(corrente) . Tenho carpas. Paiari e lambaris. Enguias tbem devem ter no lago. Outro dia notei uma carpa já grande meia lenta. Cheguei a pegar ela na mão . Tinha umas pequenas manchas de sangue no corpo. E nem dois dias depois ela estava morta. . Achei estranho. Mas foi a única q ocorreu isso. Espero ter ajudado com a informação.

  2. No meu lago de 7000 litros, a mortandade foi imensa. Mas a maioria dos que morreram foram os pacús ornamentais (mais de 20 que já viviam há anos no lago, a maioria nascida lá, pois só coloquei 3 originalmente. A segunda espécie mais afetada foi as carpas ( cerca de 10) e a terceira, os kinguios (4). Desconfiei que era virose letal… Agora, pesquisando, tenho certeza. Como a mortandade parou, acho que os que sobreviveram criaram resistência ao virus.

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