O filtro UV para lagos e aquários é um equipamento que possui a função de eliminar microrganismos presentes na água. Dessa forma, a água fica mais cristalina, pois ele remove as algas verdes em suspensão e, fica também, mais saudável para os peixes já que o filtro UV elimina vírus, bactérias, fungos e protozoário.
A eliminação ou inativação dos microrganismos se dá através de uma lâmpada germicida que emite radiação ultravioleta com comprimento de onda na faixa de 254 nanometros. A luz com esse comprimento de onda tem a capacidade de alterar o DNA da célula fazendo com que ela não consiga mais se reproduzir.
Como saber se um microrganismo será morto pelo filtro UV?
Cada microrganismo possui uma tolerância diferente à radiação ultravioleta. Alguns são bem sensíveis como o vírus koi herpesvirus que é responsável pela temida doença da primavera em lagos de carpas. Outros são extremamente resistentes como o protozoário Cryptocaryon irritans que causa o íctio em aquários marinhos. Para combater um microrganismo específico é preciso conhecer qual é a dosagem de radiação necessária para elimina-lo. Em seguida, deve ser observado, nas especificações do filtro UV, qual a vazão necessária para atingir essa dosagem.
No gráfico abaixo, temos um exemplo da dosagem UVC pela vazão. Para eliminar a água verde causada pela alga Chlorella vulgaris, é necessária uma vazão de 800 l/h no filtro UV de 9W da Cubos. Com essa vazão, a dosagem alcançada é de aproximadamente 12mJ/cm2, dosagem essa, suficiente para eliminar 90% dessas algas em somente uma passagem pelo UV. Como em um lago ou aquário o sistema é fechado e a água passa repetidamente pelo filtro UV, essa vazão pode ser bem maior que os 800 l/h para dar um bom resultado.
Cada equipamento terá o a sua própria especificação de vazão para uma certa dosagem. Quando maior a potência maior será a dosagem para uma mesma vazão. Equipamentos de alta qualidade, como os filtros UVs da Cubos, são projetados para otimizar ao máximo a dosagem da radiação. Isso se deve a geometria de construção, lâmpadas de qualidade, cristais de quartzo de alta pureza, reatores especiais entre outros fatores.
Tabela de dosagens UVC
Abaixo temos uma tabela que apresenta a dosagem necessária para inativar alguns microrganismos. Essa inativação deve acontecer em apenas uma passagem da água pelo filtro UV. Como em lagos e aquários a passagem dá água se dá varias vezes pelo filtro UV, os valores da tabela podem ser considerados com folga na hora de fazer o dimensionamento.
Os estudos de dosagem são feitos em cima de uma porcentagem de eliminação começando por 90% de eliminação e indo para 99%, 99,9%, 99,99% e assim por diante, muito comumente apresentada em redução logarítmica de log 1, log 2, log 3 e log 4 como mostrado na tabela abaixo.
Os valores da dosagem são apresentados em mWs/cm2 ou, igualmente em mJ/cm2.
90% (log 1) | 99% (log 2) | 99,9% (log 3) | 99,99% (log 4) | |
ALGAS | ||||
Chlorella vulgaris (algas verdes) | 12 | – | – | – |
PROTOZOÁRIOS | ||||
Amyloodinium ocellatum | 105 | – | – | – |
Ceratomyxa shasta | – | – | 30 | – |
Costia necatrix | – | – | 318 | – |
Cryptocaryon irritans (íctio marinho) | 280 | – | – | – |
Ichthyophthirius multifi liis (íctio de água doce) | 100 | – | – | – |
Myxobolus cerebralis (TAMs, Whirling Disease) | 40 | – | – | – |
Perkinsus marinus (dermo disease) | 30 | – | – | – |
Sarcina lutea (Micrococcus luteus) | – | – | 26 | – |
Trichodina nigra | 159 | – | – | – |
Trichodina sp. | – | – | 35 | |
FUNGOS | ||||
Saprolegnia diclina (zoospores) | 40 | 170 | – | – |
VÍRUS | ||||
AHNV (Atlantic Halibut Nodavirus) | 105 | – | – | – |
CCV (Channel Catfish Virus) | 20 | – | – | – |
CSV (Chum Salmon Virus) | 100 | – | – | – |
IHNV (Infectious Hematopoietic Necrosis/CHAB) | 20 | – | – | – |
IHNV (Infectious Hematopoietic Necrosis/RTTO) | 30 | – | – | – |
IPNV (Infectious Pancreatic Necrosis Virus) | 246 | – | – | – |
ISA (Infectious Salmon Anemia) | 8 | – | – | – |
KHV (koi herpesvirus) | 4 | – | – | – |
OMV (Oncorhynchus masou Virus) | 20 | – | – | – |
VHS (Viral Hemorrhagic septicemia) | 32 | – | – | – |
BACTÉRIAS | ||||
Aeromonas salmonicida | – | 3,6 | – | – |
Bacillus subtilis (spores) | – | 22 | – | – |
BKD (Bacterial Kidney Disease) | 60 | – | – | – |
Flavobacterium psychrophilum (Salmonid Bacterial Coldwater Disease) | 126 | – | – | – |
Listeria monocytogenes | – | – | – | 16 |
Pseudomonas fl uorescens (fin rot) | – | 11 | – | – |
Streptococcus sp. (seawater) | 20 | – | – | – |
Vibrio anguillarum | 30 | – | – | – |
Vibrio sp. (oyster) | 155 | – | – | – |
Yersinia ruckeri | 30 | – | – | – |
Os dados da tabela foram retirados de diferentes estudos e servem apenas como uma referência.
Fique atento nas unidades de medida da dosagem, que podem variar muito de tabela para tabela e de equipamento de diferentes fabricantes. A comparação deve sempre ser feita considerando uma mesma unidade de medida. A unidade da dosagem ultravioleta sempre será no formado de [ (Watts x segundos) / (área) ]. O (Watt x segundo) pode ser substituído pela unidade J (Joule) que é exatamente o mesmo que (Watt x segundo). A área normalmente será apresenta da em cm2 ou m2. Também é muito comum utilizar o mili Joule (mJ) ou o micro Joule (µJ).
Outra dica importante é quando for utilizar tabelas que estão escritas em inglês. No inglês a virgula não é a separação da casa decimal, mas sim a marcação do milhar. Em inglês, o número 10,200 tem o valor de 10 mil e duzentos e não 10 virgula 2 como em português.
Caio Bianco é proprietário da Cubos, empresa especializada em desenvolvimento de tecnologia para lagos ornamentais.